Hoje decidi dedicar algum tempo à maldita beleza, e resolvi ir
pintar a trunfa, claro que não fui a única a ter a ideia e portanto em vez de uma
hora, demorei aí umas três. Meio de propósito, fiquei sem bateria no telelé, ainda
tive tempo de passar na confeitaria e levar uns docinhos para mimar os glutões,
mas de nada me valeu, quando cheguei á mansão estava o caos instalado.
Pela sala é bem possível que tivesse passado um furacão,
pela cozinha (que é a mesma coisa) os habituais devoradores, mas daqueles que
deixam uma rasto imensurável, de maneira que pego nas cachopas e toca a meter
em vinhadalhos (que é como quem diz no banho), sal (de banho), shampoo para cabelos
rebeldes, e uma loção à base de lixívia. Mas para quem é mãe, sabe bem que
o efeito nestas criaturas depois do banho, é mais ao menos o mesmo que o dos
cães, ao princípio não querem ir, mas depois ficar tresloucados!
No rescaldo e já depois do bandulho cheio, cabe-me a mim arrumar
a bagunça, nessa altura conto sempre com a masrquesinha para meter a loiça na
máquina, e quando digo meter, estou a ser muito meiga, porque na verdade ela está
mesmo atirar.
A marquesa R engalfinhasse com o tablet e o homem-bala fica
a venerar o casulina, o filho mais novo, o bicho-bicha. Ora a marquesinha que
ainda acha graça a ser mandada, corre de um lado para o outro como que a
exibir troféus – ó pra mim tão educadinha!
Até aqui tudo bem, quer dizer, talvez não, bem até aqui tudo
mais ou menos bem, eis senão quando a marquesinha aciona o alarme depois de se
ouvir um estrondo. Ora a marquesinha ao contrário da irmã, raramente abre a
torneira e portanto quando o faz é caso para manter o inem sobre aviso. Perante
o acontecimento a marquesa R, nem pestaneja, não vá o tablet ganhar asas e voar sem ela
contar, mas ainda assim atira um – caiu no chão?
- não minha querida, caiu no teto! - contraponho certa de que
vai reagir, mas nem assim!
Eu com as mãos ensopadas suplico ao homem-bala que reaja.
Ele que sem eu perceber trazia o bicho-bicha no pescoço, temendo uma queda do
animal, levantasse como que a encarnar o godzilla, com aqueles braços arqueados
e com manobras de malabarismo lá pega na catraia, e um tanto ao quanto em pânico
vocifera um – ai que está a deitar sangue pela boca! – e lá vou eu em versão
flecha socorrer a piquena, mas dou de chofre com o raio do tinhoso encavalitado
no lombo gajo… só me apetecia lançar-lhe um gás capaz de o fazer voar até ao
deserto que é lá que devia estar! Mas uma vez que o foco é a marquesinha que está
em apuros, o asqueroso passa a segundo plano!
Quando tomo conta da ocorrência, e uma vez que a miúda
já estava a achar escarcéu a mais para
uma quedazinha, olhando para nós com cara de quem – está tudo bem, que exagero!
Olho bem e lá estava ele, o malvado... morango!!! Ali enfiado pela boca dentro,
armado em sangue!
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